Um corte quente.
Arde no peito e doí de dentro pra fora
Sai da fumaça pro vento
E se esconde nas palavras que não são verdades
Nos atos treinados e nas tentativas de se inverter uma personalidade.
Um corte no meio dos olhares,
Você sabe que ele está ali, mas é imaginário.
No meio de um grupo que festeja um dia monótono
Os sorrisos, são todos falsos.
Um movimento cíclico calculado
Uma roda movida a segundas intenções
Amizades de segundas intenções
Que passam e repassam mentiras naturais
Uma pseudo ordem desajustada
Tenta manter no fim alguma dignidade de caráter.
E todos queimam.
E tudo queima – as pessoas, a alma, a consciência.
Mas o riso fica, alto e manipulado.
Como a vida devia ser - plástica.
Esqueçam a dor do mundo, ela é demais para os fracos.
Um corte. O sangue que pinga pela imaginação
O sangue que corre nas veias
O ar que enche o peito e carrega as respostas forjadas
Saídas muito fáceis para serem realidade
Real? O que há dele na indução da felicidade?
É um corte e não um tapa.
Tão fundo e tão aberto que espanta
Um medo. Tão verdadeiro e comum que é raro.
Não serve para aqueles que não entendem
Não serve para aqueles que não fazem parte
É um corte que só rasga.
seus ideais e os dias que foram
E assim como ela apaga.
A memória dos dias, a sua identidade
No fim não resta só basta
Só curte o que não é, e cria
Uma paranoia paralisada
E arde na preocupação infundada
E doi se perder no tempo
E fere no medo da perda
Esmaga por não esquecer
E eu me perco por ser ensaiada
Só perco – eu/ele, aquele, você.